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Já há algum tempo a Fantasy Flight Games, produtora original do jogo no exterior, nos agraciou com uma insuperável modalidade de expansão, a Saga Expansion, ou numa tradução livre Expansão de Saga.  

 

Mas o que é uma Expansão de Saga?

 

As expansões de saga são como as expansões de luxo, caixas maiores que um pacote de aventura, com três novas missões e muitas cartas de jogador, totalizando 165 cartas, mas o que as diferencia das suas congêneres de luxo é a parte temática, e para muitos jogadores (fãs de J.R.R. Tolkien) essa é a característica do jogo que o leva a seu ponto alto!

 

A proposta presente nessa modalidade é simular as aventuras dos livros de Tolkien, utilizando ao máximo todos os cenários e personagens descritos nas obras. Inicialmente foi lançada uma expansão de saga para traçar as aventuras de Bilbo Bolseiro em reflexo à obra O Hobbit.

 

É interessante ressaltar que os eventos da história narrada em O Hobbit aconteceram em um tempo muito antes (quase 40 anos antes) do tempo das histórias que acontecem na Caixa Base do jogo, e assim muitos personagens tiveram uma segunda versão em suas cartas. O melhor exemplo disso é Gandalf, que teve uma versão nova para espelhar o mago cinzento da forma como era exposto naquele livro, assumindo o conto infantil.

 

Uma expansão não foi o suficiente para contar toda a história d’O Hobbit e uma segunda foi feita com o restante da história trazendo personagens como Beorn e Bard, além do Dragão Smaug, um dos inimigos mais mortais do jogo.

 

As mecânicas são todas pensadas em exprimir o sentimento e temática dos livros, de modo que muitas novas regras são criadas de acordo com os baralhos de encontro, que vêm trazendo palavras chaves inovadoras para expressar as charadas no escuro, as tentativas de ladroagem de Bilbo, a utilização do Anel conforme o livro expõe etc.

 

Naquele tempo foi excelente ter a experiência das missões do jogo espelhando as passagens do livro: lutar contra Trolls que ensacavam os anões, cair numa armadilha de goblins e lutar contra o Rei dos Goblins enquanto Bilbo tenta sobreviver ao jogo de adivinhas com a criatura Gollum, fugir das mais diversas aranhas gigantes e libertar os personagens de outros jogadores presos em teias, invadir sorrateiramente a montanha solitária evitando a ira de Smaug, o Terrível, combater na batalha dos cinco exércitos, etc...

 

Uma única expansão não foi suficiente para tudo que o livro apresentava em termos de aventuras diversas, e foram necessárias duas. Uma delas contava da festa inesperada no Bolsão até a fuga na Carrocha. E a segunda continuava da Cidade do Lago até a Batalha dos Cinco Exércitos.

 

Eu particularmente senti falta de algumas partes do livro, e pra mim deveriam ser três expansões, sem exageros. Tanto é que o ataque do dragão Smaug à Cidade do Lago que ficou de fora das missões se tornou uma expansão comemorativa da GENCON (todo ano é lançado uma) e é uma das mais difíceis até hoje.

Logo após o sucesso dessa modalidade a produtora do jogo anunciou que faria uma nova séria contando a Saga da Guerra do Anel, com todos os livros de O Senhor dos Anéis, partindo da saída de Frodo Bolseiro do Condado até a destruição d’O Um Anel.

 

Já há algum tempo se iniciou esse trabalho com a Saga Expansion “Black Riders”, os Cavaleiros Negros, em referência aos Nazgul que perseguiram os Hobbits do Condado até Valfenda. As missões foram exatamente acerca desse trecho do livro. Os cinco heróis novos apresentados são os cinco Hobbits apresentados no livro A Sociedade do Anel (incluindo o esquecível Fatty Bolger, que nem chega a sair do condado, mas avisa da chegada dos Nazgul e ajuda a expulsá-los).

Para aqueles leitores de Tolkien mais clássicos o livro A Sociedade do Anel, o primeiro da trilogia, se divide em dois volumes, cujo corte é exatamente na chegada de Frodo a Valfenda. Black Riders conta exatamente todo esse trecho: partindo do Condado pela Floresta Velha até Bri enquanto perseguidos por espectros do anel, cavaleiros negros montados em cavalos malignos; de Bri se embrenhando pelo ermo até o Topo do Vento, onde sofrem um ataque direto e Frodo é ferido, e uma corrida cavalgada na qual Glorfindel montando Asfaloth carrega Frodo, ferido pela Lâmina de Morgul do Rei dos Bruxos, em tempo de ser curado pelas artes de Elrond, o Meio Elfo, em Valfenda, a última casa amiga.

 

Essa expansão, além de assumir todo o aspecto épico e temático da saga do anel trouxe uma excelente novidade, o jogo em modo campanha, com cartas chamadas “Boons” e “Burdens” que fazem efeito de uma missão pra outra, podendo ser positivas ou negativas, de acordo com os eventos e escolhas que ocorrem durante a missão. Além disso, os heróis podem morrer “definitivamente” sendo substituídos na missão seguinte, mas com prejuízos para o jogador. Entre outras regras para uma narrativa ainda mais imersiva no cenário da Terra Média.

 

Ocorre que de lá pra cá ainda não foram lançadas as sequencias... até hoje! Hoje a FFG anunciou oficialmente em seu site o lançamento de The Road Darkens, dando continuidade à história iniciada em The Black Riders, mas como não chegou às mãos de ninguém, ainda não temos os spoilers das cartas, o que ocorrerá muito em breve.

 

Ainda assim muito já se debateu sobre a mesma, que contará com a criação da Sociedade do Anel, sua viagem pelos desafios de Caradhras, o Chifre Vermelho, a passagem por Moria com um embate monstruoso com o Balrog das profundezas, a estada em Lórien, até a queda de Boromir às margens do Rio Rauvin próximo aos Argonath, dando fim à Sociedade do Anel. Esse trecho é exatamente a narrativa do segundo livro de A Sociedade do Anel, caso dividido em duas partes, como em algumas edições.

 

Resolvi então dar meus pitacos sobre o que espero ver nessa expansão (que chegara nas minhas mãos em breve se os correios e a alfândega permitirem) apresentando todos os spoilers e notícias que venho acompanhando da produtora original.

 

 

Cartas de jogador: aliados únicos, heróis marcantes e muitas cartas neutras.

 

Muitos jogadores em um primeiro ponto se preocupam com as novas cartas de jogadores que são trazidas com as expansões e normalmente não são tão variadas. Muitos procuram a “onda do momento” do jogo para tentar fortalecer ainda mais o seu baralho.

 

Algo de bom já foi divulgado sobre The Road Darkens, e nada menos do que esperado, os personagens queridinhos de todo fã de Tolkien, A Sociedade do Anel. O que esperar de uma expansão que fala especificamente de um trecho do livro onde ninguém menos do que Aragorn, Legolas, Gimli, Boromir, Samwise Gamgi, Pippin, Merry, Frodo e Gandalf estão viajando juntos e enfrentando os perigos “sem mais ninguém ao redor além dos inimigos”. Quais são as cartas esperadas? Exatamente eles, e o que a Fantasy Flight games nos trás? Nenhum deles em específico, pelo menos não nos spoilers já apresentados.

 

Frodo certamente é o herói da missão, e uma carta de jogador obrigatória, quase como um objetivo, sem contar ameaça e rodando de mão em mão a cada rodada, como o marcador de primeiro jogador. Nada demais em termos de carta de jogador.

 

Em contrapartida já temos revelados quatro aliados como personagens únicos, e somente UM deles é um membro da comitiva do anel, um membro que já teve dois heróis com seu nome, e dessa vez vem como um aliado da esfera de tática. Ninguém menos do que Boromir, o filho primogênito do Regente de Gondor! Além dele e com ligação nos trechos temáticos da história, mas fora da Sociedade do Anel: Elrond, Galadriel e Bilbo Bolseiro.

 

A mecânica trazida nas cartas foi excelente e lembra a proposta que se encontra em Gandalf (Core 73), um aliado que faz toda a diferença, um grande efeito de acordo com a sua temática, mas que não fica até a próxima rodada em jogo. Um personagem que não está comprometido nas aventuras da Sociedade, mas que em determinados momentos os auxilia.

 

Nesse sentido, minha perspectiva é que não existam aliados sem a característica de ser único. Ainda espero que algum outro membro da Sociedade do Anel além de Boromir seja apresentado como aliado, mas minha real expectativa é que isso aconteça com os heróis.

 

Aragorn já possui duas versões como heróis e, como noticiamos anteriormente, estão prevista mais duas versões do personagem no papel de herói, uma delas na continuação da saga após The Road Darkens em The Treason of Saruman, que já parte para o livro As Duas Torres. Não acho que veremos Aragorn como heróis, e não seria minha primeira opção como um aliado, apenas não ficaria surpreso.

 

Gimli e Legolas não possuem versões além daquelas apresentadas na Caixa Base, não vejo oportunidade melhor para isso acontecer, a não ser na próxima Saga Expansion que conta com a temática focada nos Três Caçadores, respectivamente Gimli, Legolas e Aragorn.

 

Os Hobbits já foram alvo na primeira saga, e foram magistralmente apresentados como heróis inovadores do traço “hobbit”, que possivelmente verá novas cartas com The Road Darkens. Por isso não acho que venham novamente como heróis, talvez um, ou dois no máximo, mas não apostaria nisso.

 

Galadriel e Elrond, os personagens de maior destaque fora da comitiva já estão apresentados como aliados, Haldir e Celeborn, que são personagens de destaque nesse trecho da história dos livros também já possuem versões de heróis recém lançadas no quarto ciclo, The Ringmaker.

 

Nos sobra os membros do Conselho de Elrond e os presentes nos debates da criação da Sociedade do Anel, quem sabe Glóin? Glorfindel ou Erestor? Não, acho que não. Minha expectativa é muito forte (talvez emocionalmente) para que Legolas e Gimli vejam novas versões como heróis.

 

A verdade é que a Fantasy Flight Games vem surpreendendo a cada lançamento e pode ter mudado por completo o seu padrão de expansões no que se refere à quantidade de cartas de jogadores. Foram revelados muitos “Boons” com a numeração próxima ao que deveriam ser as cartas de jogador (números entre TRD 1 a 18) e a ÚNICA notícia de heróis que apresentou foi um verdadeiro choque.

 

Nossa certeza é de que um entre os heróis (provavelmente serão 4 como cartas jogáveis livres, excluindo Frodo como parte da missão) é ninguém menos do que o favorito da Terra Média: Gandalf, o cinzento!

 

E somente ele.

 

Fico preocupado que essa expansão possa ser um desastre para cartas de jogador, mesmo com todos os personagens icônicos já revelados, a falta de novos acessórios e eventos e apenas um herói me deixaria triste pelo tempo que aguardei o retorno da história, bem como gostaria de ver exposto em cartas diversas questões relativas à comitiva do anel e seus nove membros.

 

Em todo caso, foram apresentadas muitas cartas neutras, que são propostas para utilização com Gandalf. Assim como em Black Riders, onde a mecânica das cartas foi proposta para os Hobbits, assumindo uma proposta mecânica inovadora para o traço, em The Road Darkens aparentemente o enfoque é o mago.

Eu poderia abrir um holofote para falar desse novo herói e suas implicações no jogo, e é isso mesmo que vou fazer.

 

Essa carta trás inúmeras consequências para o prosseguimento dos lançamentos do jogo e quebra grandes paradigmas, tanto de regras quanto de mecânicas temáticas subsumidas. Ele é nada menos do que brilhante!

 

Os desenvolvedores tiveram uma sacada de mestre ao criar esse herói. Eu sempre pensei como seria, principalmente me baseando nas suas versões como aliado e como vieram Radagast e Saruman em expansões, e ainda sim fiquei surpreso.

 

Já adianto que não achei um herói desequilibrado ou superpoderoso, mas uma nova espécie de carta que o jogo não estava habituado, com vantagens e falhas, e uma mecânica simplesmente sem comparações. Mas deixa a conclusão para depois que eu listar alguns dos pontos em destaque nessa carta:

 

1 - Sua habilidade é única, e quebra a regra de não falar nomes de cartas que não estão em jogo. Ela funciona da seguinte forma: Uma vez por fase (lembre-se das fases do jogo: recursos, planejamento, missão, viagem, engajamento, combate e refresh) você pode jogar com a carta do topo do seu baralho (aquele que você compra se algum efeito mandar você comprar uma carta) revelada com a face para cima. Você pode baixar essa carta com os recursos de Gandalf independentemente da esfera, ele conta como se tivesse todos os recursos para baixar as cartas reveladas do topo.

 

A mesa inteira vê a carta, não apenas você, e se você utilizar a carta numa fase, na próxima fase pode revelar outra, ou caso embaralhe o baralho por efeito de alguma carta, poderá revelar outra na fase seguinte.

 

Lembre-se que na fase de recursos você vai comprar uma carta, e ainda que virada para cima, você compra a carta do topo, ou seja, esta carta sempre muda, caso você coloque cartas de outras esferas para baixar com Gandalf, ela pode ir pra sua mão e ficar empacada por lá.

A carta Wizard Pipe (TRD 9) tenta corrigir isso, mas você fica adstrito a esse acessório e também perde espaço no seu baralho para colocar outras cartas que não ela, uma limitação ao baralho para fazer o herói funcionar melhor.

 

2 - Gandalf não possui esfera, seus recursos, quando não utilizados com sua habilidade, apenas podem ser usados para baixar cartas neutras, também sem esfera. Ele é o primeiro herói que não possui nenhuma esfera, e acho isso bem negativo. Apesar das cartas propostas para utilizar com ele serem também neutras, isso limita demais o jogador e a construção do baralho.

 

Por isso, acho que o herói é daqueles que precisam de um baralho inteiro montado pra se propor a fazê-lo funcionar. Tanto é que três das novas cartas de jogador trazem essa proposta, para uso quase que exclusivo com Gandalf.

 

3 - Possui o maior valor de custo de ameaça do jogo, e os atributos mais altos. Não isso não é bom, mas reflete algo bom, que são seus atributos em números elevadíssimos: 3 em valor de força de vontade, ataque e defesa, além de 5 pontos de vida. Uma máquina pronta para enfrentar qualquer desafio! Realmente o melhor herói já lançado em termos de atributo, mas a um grande custo para sua ameaça inicial. Vale a pena?

 

4 - É o único herói com o traço “Istari”. Isso não quer dizer muita coisa, ainda. Poucas cartas foram reveladas, muitas para se utilizar com Gandalf e não com “Istari”. Minha expectativa é que de alguma forma, em expansões futuras, tenhamos ao menos Saruman e Radagast como heróis também, já que versões de aliados já foram lançadas.

 

Digo isso porque na Terra Média existiram apenas cinco istari que vieram das terras imortais, os três citados e os magos azuis, que foram para o leste e pouco foram aproveitados nas obras de Tolkien, sendo quase todo o conteúdo de seus feitos suposições dos fãs das obras literárias. Por isso não imagino que seja um traço explorado fora os três personagens que mencionei.

 

No entanto, a FFG já nos surpreendeu com criação de personagens fora das obras, e resolver dar uma cara para os magos azuis não seria de todo surpreendente, mas não apostaria nisso.

 

5 - Vai possuir diversas cartas baseadas nele! Magias e equipamentos que somente ele (único herói istari) poderá utilizar e com funcionalidade pensada nas suas falhas e habilidades. Isso pra mim é mais um elemento limitador do personagem, dos baralhos, e principalmente das cartas de jogador que vem na expansão.

 

Basear cartas em uma “onda” da expansão é normal e vem se repetindo muito durante os lançamentos do jogo. Sempre existe em um pacote de aventuras ou expansão de luxo cartas pensadas tematicamente a funcionar com um determinado traço, ou pensadas para se utilizar em um personagem em específico para suprimir suas debilidades ou aumentar suas capacidades, mas que normalmente não são impedidas de funcionar com outros heróis ou aliados.

 

Com Gandalf foi diferente, tanto por ser o único Istari, e acredito que será por algum tempo. A não ser que resolvam colocar um Saruman como heróis no último pacote de aventura do presente ciclo, The Ringmaker. Se for assim eu pago a língua, mas ainda fico no aguardo.

 

Não fico satisfeito com a metodologia de cartas de jogador proposta nessa expansão e isso só me faz ficar incrédulo com a memsa, que apesar de trazer inovações excelentes acerca de narrativa e temática, com missões que prometem ser excelentes, em termos de cartas de jogador será um desastre para as expansões grandes.

 

Isso fecha as minhas especulações sobre as cartas de jogador, e principalmente do ÚNICO herói que vem na caixa (Frodo não conta, ok?).

 

Apesar de tudo, eu particularmente não o achei um herói superpoderoso, sequer será um dos meus preferidos. Certamente fiquei muito impressionado com a sua aparição e o modo como subsumiram o tema do mago cinzento à regra mecânica de sua habilidade, acredito que muita gente vai gostar bastante. No entanto, numa análise preliminar, acho que os baralhos que o utilizarem ficarão limitados, e que deverão em muito ser adaptados para funcionar ao redor desse herói, como já ocorre com outros heróis menos aclamados, como, por exemplo, Dúnhere (Core 9).

 

Eu também gostaria de falar sobre as missões e o que espero delas, mas acho que já falei demais sobre as cartas de jogador. Fica para a próxima! Vamos aguardar para colocar as mãos nessa expansão, e se tudo correr bem, pagar a língua com o herói em destaque.

 

© 2013-2014 Card Game do Anel

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